sexta-feira, 13 de novembro de 2009

VISÕES DA BORBOREMA:REVELAÇÕES SIMBÓLICAS DA EXPERIENCIA E DO TRABALHO CRIATIVO DE UM GRUPO DE ARTISTAS

VISÕES DA BORBOREMA:REVELAÇÕES SIMBÓLICAS DA EXPERIENCIA E DO TRABALHO CRIATIVO DE UM GRUPO DE ARTISTAS


Tive a feliz oportunidade, como artista, de participar da oficina “Visões da Borborema” idealizada e coordenada por Raul Córdula no MAAC, em julho de 1995. Naqueles dias a cidade de Campina Grande vivia a efervescência e a euforia da edição de mais um festival de inverno, apresentações e atividades de arte nas mais diversas modalidades se espalhavam por vários cantos da cidade, que respirava a atmosfera artística do momento.


O local escolhido para sediar a oficina não poderia ter sido mais propício: o salão de exposições do Museu de Arte Assis Chateaubriand. O clima ambiental do atelier coletivo parecia envolto por uma energia típica de um verdadeiro laboratório de magia criativa, de exercício de percepção, de sensibilidade e de capacidade de expressão artística, além de um real exercício de liberdade, de interação, de compreensão e de respeito pelas diferenças.


A experiência e sensibilidade dos artistas presentes, coordenados livremente por Raul, determinavam os movimentos de sincronia, de entendimento e de encontro entre diferentes pensamentos e seguimentos da linguagem plástica própria de cada um dos indivíduos integrantes do grupo que, reunidos naquele local e momento com perspectivas e objetivos próprios de cada um, mas, ao mesmo tempo comuns entre si em essência, pareciam partes de um todo, formavam uma unidade, uma coisa única.


O universo parecia mostrar-se interessado em contribuir para elevar ainda mais o nível daqueles mágicos encontros, nos presenteando - como disse o próprio Raul - com a presença surpreendente e inesperada de Patrícia Prunelle e Corinne Viccari, francesas da cidade de Marseille, vindas da milenar cultura européia que reconheçamos, difere da nossa BORBOREMA e CARIRI, mas talvez exatamente por isso a interação tenha se processado de forma tão eficientemente agradável e o grupo tenha sido absorvido entre si de maneira tão natural. Elas foram de fundamental importância para a composição final do todo, contribuindo contundente e decisivamente para a configuração de sucesso e realização da intenção, do exemplo de interação e de empatia, de linguagem universal, de arte, de emoção, de amor...


A visita do grupo a determinadas localidades da região e especialmente a grande feira de Campina Grande e ao monumento arqueológico do Ingá, foi tão simbólica quanto as imagens fotográficas colhidas por José Patrício na feira e os signos gravados na pedra monumental. Simbólicos estímulos, expressões compostas de signos e enigmas isentos da necessidade de serem decifrados, apenas sentidos, apreciados.


Muitas relações e desdobramentos diversos se sucederam em função e a partir dali, especialmente na esfera profissional e naturalmente na afetiva, no plano artístico, aquele acontecimento se constituiu em um real marco histórico para a arte de Campina Grande e da Paraíba. Os incrementos e resultados daquela ocasião se estenderam até o presente, permanecendo vivos e atuais, esta mostra neste momento é prova disso. Não é sem razão que parte das obras produzidas durante aquele evento, apresentadas agora nesta exposição, passaram a integrar o patrimônio artístico do MAAC, representando significativa coleção no seu acervo.


A produção final daqueles cinco dias de trabalho e convivência do grupo foi esplêndida. As obras desta mostra, resultantes daquela experiência de laboratório coletivo de arte e criatividade, são comentadas do ponto de vista plástico e estético, por si próprias, explicam-se por si próprias através da linguagem que lhes é intrínseca, e, neste momento são reapresentadas junto com as do workshop 90 nesta vibrante exposição, através da louvável iniciativa do MAAC.

Otávio Maia
Conservador do MAAC
Folder da Exposição
"os workshops de Raul no MAAC"
- Visões da Borborema -

 
Vídeo-reportagem TV ITARARÉ - Exposição "Visões da Borborema"

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