quarta-feira, 18 de novembro de 2009

UM SURREALISTA DO SERTÃO

Otávio Cássio Olímpio Maia, Jovem artista paraibano, de apenas 23 anos de idade, quando os grandes artistas como os expressionistas alemães, Picasso, além dos surrealistas propriamente ditos, após o movimento iconoclasta e de contestação, o dadaísmo, proclamavam uma estética além do bem e do mal, tese defendida pelo alemão Nietzsche, alcança um nível superior a própria razão filosófica.
Quando nos referimos ao mestre Picasso, queremos dizer “os três dançarinos” cujas “transformações” originou o “puro automatismo psíquico”. O surrealismo representa a sublimação (de acordo com as teorias psicanalíticas de Freud) dos impulsos mais primitivos ou subconscientes do “ID”.
Quem poderia negar a exteriorização do mundo subjetivo deste artista de inegável talento que, embora sem se incomodar co os “ismos”, se identifica intuitivamente com os extraordinários representantes da isenção do racionalismo matemático e comum, com a liberdade absoluta da criatividade em sua axiologia intrínseca.
Otávio pode surpreender a crítica de arte nacional, mas ele está inserido no contexto e na problemática estética existente no nordeste. Sua pintura nos seduz a primeira vista, assim como sua técnica a qual parece ter atingido uma dimensão psicológica e expressiva de poderoso alcance humano.
Otávio Cássio, este sertanejo de Catolé do Rocha aluno de Educação Artística da UFPB, participante das discussões sobre História da Arte no Espaço Cultural, com diversas exposições realizadas em galerias de Arte e com ilustrações em revistas e livros publicados em São Paulo, quase não é conhecido nos meios artísticos e culturais do Estado.
Não são poucos os que fazem restrições ao seu Surrealismo o qual, diga-se de passagem, nada tem a ver com Dali, Max Ernest, Paul Devaux, Juan Miro e tantos outros membros desta escola surgida nas primeiras décadas deste século. Porém Otávio, embora pouco experiente devido aos poucos anos já vividos – é detentor de um talento inegável e promissor.
Há quase trinta anos atrás, um artista jovem como ele produzia um tipo de pintura surrealista a maneira de Salvador Dali. Mais tarde, entretanto, chegou a se encontrar numa linguagem plástica única, original e de excepcional força expressiva. Ivan conseguiu o reconhecimento do público e da crítica especializada. Projetou-se internacionalmente e se firmou como um criador de raro valor artístico.
Vamos esperar que o jovem artista sertanejo continue a evoluir e finalmente tenha a sua mensagem estética apreciada e integralizada dentro do vasto panorama das artes plásticas brasileira.

*Archidy Picado (in memória)
Crítico de Arte e Professor de História da Arte do Departamento de Artes da Universidade Federal da Paraíba.

- Artigo publicado no jornal local, Correio da Paraíba, no dia 23 / 03 / 1983.

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